Quase 14 anos após um crime brutal que chocou a comunidade do Rio Manso e gerou comoção em Cuiabá e Chapada dos Guimarães, a Justiça finalmente marcará o julgamento do principal acusado de ser o mandante do assassinato de Lourival, um homem trabalhador, evangélico, pai de família, inocente e vítima de uma cadeia de injustiças que começou com a morte mal explicada de um conhecido da região.
No dia 10 de julho de 2025, será levado a júri popular no Fórum de Cuiabá o homem conhecido como Altair, apelidado de Palito, apontado como o responsável por mandar matar Lourival em 2011, numa emboscada cruel que tirou a vida de um inocente — tudo em meio a uma tentativa desesperada de se esquivar das investigações da morte de outro homem, conhecido como Careca, cujo corpo foi encontrado em condições suspeitas às margens de uma estrada rural no Rio Manso.
No fim de 2011, após a morte de Careca, familiares do falecido resolveram agir por conta própria e, com o apoio de policiais, prenderam os irmãos Catarino e Nelson, amigos de bebida do falecido. Levaram os dois à delegacia de Chapada dos Guimarães, acusando-os sem provas formais. A prisão gerou repercussão e o irmão deles, Lourival, mesmo vivendo distante do local do crime, resolveu ir até a região para entender a situação.
Lourival ficou inconformado com a versão apresentada. O cenário indicava que Careca, embriagado, poderia ter tropeçado numa cerca e caído num buraco de tatu, o que o levou à morte por sufocamento. Mesmo assim, Catarino e Nelson foram espancados até que um deles confessasse o crime — uma confissão forçada sob violência.
Mesmo sem qualquer envolvimento direto, Lourival começou a se sentir ameaçado. Era frentista de um posto de combustível, pai de uma menina de 3 anos, casado, evangélico e trabalhador. Alertava seus colegas e familiares de que estava sendo seguido. Poucos deram ouvidos.
Até que, em 12 de dezembro de 2011, a tragédia aconteceu. Altair, primo do Careca, levou um adolescente até o posto onde Lourival trabalhava. Sob o pretexto de abastecer uma garrafa com gasolina, aproveitou o momento de distração da vítima para ordenar a execução. Lourival foi alvejado por diversos tiros, caiu na porta da conveniência e foi socorrido ainda com vida.
Mesmo ferido, Lourival conseguiu contar à esposa e à polícia quem havia planejado sua morte. No entanto, nove dias depois, em 21 de dezembro de 2011, ele não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
Desde então, a dor da família de Lourival se mistura à revolta com o sistema judicial. Os criminosos não só foram soltos, como o julgamento nunca aconteceu. O caso se arrastou por mais de 13 anos e 7 meses, e só agora, em 2025, a justiça caminha para enfrentar seu momento decisivo.
O júri popular está agendado para o dia 10 de julho, no Fórum de Cuiabá. O réu é Altair Gomes da Silva, acusado de ser o mandante do assassinato de Lourival. A família teme que, após tantos anos, o caso seja tratado com indiferença e que os culpados saiam absolvidos.
Lourival não era bandido. Não tinha envolvimento com a morte de Careca. Morava a mais de 100km do local, e seu único 'erro' foi buscar esclarecer o mal-entendido que envolvia seus irmãos. Seu perfil — evangélico, pai, trabalhador, querido por todos — contrasta com a crueldade e covardia com que foi assassinado.
A família de Lourival pede apoio da sociedade, da imprensa e das autoridades para garantir que esse crime hediondo não fique impune.
“O que está em jogo não é apenas a memória do meu irmão, mas o valor da vida humana. Se o mandante sair absolvido, o recado que se dá é que o crime compensa, e que basta esperar o tempo passar para que tudo seja esquecido”, declarou um familiar emocionado.
JUSTIÇA TARDIA NÃO PODE SER INJUSTIÇA. A sociedade mato-grossense não pode assistir calada. É hora de dar uma resposta clara: nenhuma vida vale menos. Nenhum crime deve ser esquecido. E nenhuma justiça deve ser negada.
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